segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Pesquisa pode ajudar a prever quais casos de câncer de mama irão gerar metástases

Atualmente, parte significativa dos estudos sobre câncer é conduzida testando o efeito de medicamentos em tecidos humanos cultivados em laboratórios. Essas pesquisas tentam definir modelos confiáveis que reproduzam o funcionamento de tratamentos em seres humanos. Pesquisadores do Instituto de Câncer de Huntsman, da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, deram um passo à frente neste campo. 

Eles descobriram uma nova e mais precisa maneira de estudar, em laboratório, o câncer de mama. A descoberta pode se tornar uma importante ferramenta para que médicos prevejam quando, e como, o câncer de mama irá se espalhar, além de ajudar em novas maneiras de testar drogas capazes de parar a propagação. Os resultados foram publicados nesta segunda-feira no site do periódico Nature Medicine.

No estudo, os pesquisadores inseriram tecidos de pacientes com câncer de mama diretamente nas glândulas mamárias de ratos. Essa abordagem foi diferente das tradicionais, que costumam estudar culturas de células cancerígenas desenvolvidas em laboratório.

Os resultados demonstraram que os enxertos de tecido nos animais se comportaram de maneira praticamente idêntica aos presentes em humanos, tanto em estrutura quanto composição genética. Pesquisas anteriores, baseadas em culturas de células, ainda não haviam demonstrado tal semelhança. "O resultado mais surpreendente foi que o tumor inserido se espalhou da mesma maneira como o fez em pacientes humanos", diz a principal autora do estudo, professora assistente do Departamento de Ciência Oncológica da Universidade de Utah, Alana Welm. “Por exemplo, tecidos de tumor de pacientes cujo câncer havia se espalhado para o pulmão também atingiram os pulmões dos ratos que os receberam”.

A maioria das mortes por câncer de mama é resultado de tumores que se espalham para outras partes do corpo, como o sistema linfático, pulmões, fígado, ossos ou o cérebro. Os resultados dessa pesquisa revela seu potencial para, logo após um diagnóstico, identificar se o tumor tem potencial para se espalhar, ajudando os médicos a selecionar os tratamento mais eficientes. "Também há um potencial de desenvolver modelos similares para outros cânceres usando esse método", diz Welm. Segundo as pesquisadora, seu grupo já está trabalhando nisso com tecidos de câncer de colo.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de mama é o segundo câncer mais comum do mundo e o mais prevalente entre as mulheres. Ainda de acordo com o Inca, a sobrevida média mundial após cinco anos de câncer é de 61%, sendo uma mortalidade ainda alta, já que a doença costuma ser diagnosticada em estágios mais avançados. O Instituto constatou mais de 49 mil novos casos da doença no último ano no Brasil.

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