segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Elogiar-se demais sem merecer pode levar à depressão

Pessoas que tentam aprimorar sua autoestima dizendo diversas vezes a si mesmas que fizeram um ótimo trabalho, mesmo que não tenham feito, podem acabar tendo resultados contrários ao esperado. É o que diz estudo publicado no periódico Emotion, da American Psychological Association.

A pesquisa envolveu experimentos com quatro grupos de jovens dos Estados Unidos e de Hong Kong, na China. O grupo estadunidense totalizou 295 universitários - onde 186 deles eram mulheres - com idade média de 19 anos. Já o grupo chinês consistiu em 2.780 estudantes de ensino médio, onde 939 eram garotas.

Nos dois primeiros experimentos, um dos grupos dos Estados Unidos e todos os de Hong Kong fizeram testes acadêmicos. Eles tiveram que avaliar e comparar o próprio desempenho com outros alunos de suas escolas. Depois disso, todos os participantes completaram um questionário para avaliar os sintomas de depressão. Na terceira e quarta etapa do estudo, os pesquisadores avaliaram os grupos restantes, perguntando a sua avaliação pessoal sobre os exercícios - aqui, alguns tiveram um bom desempenho, mas acharam que foi baixo. Por outro lado, outros estudantes tiveram desempenho fraco, mas acharam que foi elevado.

Cruzando os dados, os resultados mostraram que aqueles que avaliaram o desempenho como muito maior do que de fato foi são significantemente mais propensos a se sentirem deprimidos. Para os pesquisadores da Nanyang Technological University in Singapore, que lideraram o estudo, sintomas de angústia seguidos de autoelogio excessivo ocorrem, provavelmente, quando a inadequação de uma pessoa é exposta. Eles também acreditam que a melhor maneira de aprimorar a autoestima é avaliar adequadamente o seu desempenho.

Entenda como a baixa autoestima pode minar sua vida pessoal
Perder a autoestima pode acarretar uma série de riscos. O primeiro deles é o de não ter a mesma força de outrora para resolver as questões que se apresentam. De repente aquela pessoa feliz que você era vai se cansando e se deixa abater por críticas, sentimentos de culpa, vergonha, medos, insegurança, etc. "Quando estas sensações começam a dominar os pensamentos é possível notar uma queda no rendimento em todos os setores da vida", explica a psicóloga Doralice Lima.

O trabalho rende menos e não dá prazer. Em casa, o convívio familiar se torna um martírio, e a vontade de ficar o tempo todo na cama ou apenas com a TV como companhia aumenta. "O isolamento é sintomático e acontece em efeito dominó. Pode começar com a reclusão e terminar em depressão profunda", alerta a profissional. Ter a mente dominada por pensamentos negativos ajuda a desenvolver doenças. Tente lembrar das vezes que você teve febre, por exemplo. Geralmente ela surge depois quando você está passando por problemas pessoais ou profissionais que te desgastam. É uma forma do corpo gritar: "Não estou bem, olhe para mim".

Consequências desastrosas
Caso a autoestima sofra uma queda e não seja recuperada, pode acontecer do rendimento cair tanto no trabalho a ponto de o chefe resolver que a demissão é a melhor alternativa. Em casa, os parentes percebem o comportamento mais arredio. Os amigos também não entendem que motivo levou aquela pessoa tão querida a não se misturar mais nos eventos que combinavam com tanto prazer. "Em pouco tempo uma vida social e profissional que foi conquistada pode desmoronar", diz a psicóloga.

Há duas formas de encarar os percalços da vida: se fazendo de vítima frente a uma dificuldade ou arregaçando as mangas para resolvê-la e seguir adiante. Sempre prefira a segunda alternativa, recomenda a especialista. "Períodos de lamentação são comuns e remoer mágoas é natural. Mas esses momentos devem ser passageiros. A vida pode estagnar caso o comportamento passe a ser movido por rancores", explica a profissional.

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